A malária é
uma doença infecciosa febril aguda, causada por protozoários transmitidos pela
fêmea infectada do mosquito Anopheles. Toda pessoa pode contrair a malária.
Indivíduos que tiveram vários episódios de malária podem atingir um estado de
imunidade parcial, apresentando poucos ou mesmo nenhum sintoma no caso de uma
nova infecção.
No Brasil,
a maioria dos casos de malária se concentra na região Amazônica, nos estados do
Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e
Tocantins. Nas demais regiões, apesar das poucas notificações, a doença não
pode ser negligenciada, pois se observa uma letalidade mais elevada que na
região Amazônica.
A malária
não é uma doença contagiosa. Uma pessoa doente não é capaz de transmitir a
doença diretamente a outra pessoa, é necessária a participação de um vetor, que
no caso é a fêmea do mosquito Anopheles (mosquito prego), infectada por
Plasmodium, um tipo de protozoário. Estes mosquitos são mais abundantes nos
horários crepusculares, ao entardecer e ao amanhecer. Todavia, são encontrados
picando durante todo o período noturno, porém em menor quantidade.
Quais são
os sintomas da malária?
Os sintomas
da malária são:
febre alta;
calafrios;
tremores;
sudorese;
dor de cabeça,
que podem ocorrer de forma cíclica.
Muitas
pessoas, antes de apresentarem estas manifestações mais características, sentem
náuseas, vômitos, cansaço e falta de apetite.
Como é feito o diagnóstico da malária?
O diagnóstico correto da infecção malárica só é possível pela
demonstração do parasito, ou de antígenos relacionados, no sangue periférico do
paciente, pelos métodos diagnósticos especificados a seguir:
Gota espessa
Esfregaço delgado
Testes rápidos
Técnicas moleculares
Malária mista
Diagnóstico diferencial da malária
O diagnóstico diferencial da malária é feito com a febre tifoide, febre
amarela, leptospirose, hepatite infecciosa, leishmaniose visceral, doença de
Chagas aguda e outros processos febris. Na fase inicial, principalmente na
criança, a malária confunde-se com outras doenças infecciosas dos tratos
respiratório, urinário e digestivo, quer de etiologia viral ou bacteriana. No
período de febre intermitente, as principais doenças que se confundem com a
malária são as infecções urinárias, tuberculose miliar, salmoneloses
septicêmicas, leishmaniose visceral, endocardite bacteriana e as leucoses.
Todas apresentam febre e, em geral, esplenomegalia. Algumas delas apresentam
anemia e hepatomegalia.
Para mais informações, consulte o “Manual de diagnóstico laboratorial da
malária” e o folder "Testes rápidos para o diagnóstico de malária –
Pf/Pf/Pv"
Como é feito o tratamento da malária?
No geral, após a confirmação da malária, o paciente recebe o tratamento
em regime ambulatorial, com comprimidos que são fornecidos gratuitamente em
unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Somente os casos graves deverão ser
hospitalizados de imediato.
O tratamento indicado depende de alguns fatores, como a espécie do
protozoário infectante; a idade do paciente; condições associadas, tais como
gravidez e outros problemas de saúde; além da gravidade da doença.
IMPORTANTE: Quando realizado de maneira correta, o tratamento da malária
garante a cura da doença.
Objetivos do tratamento contra a malária:
O diagnóstico oportuno seguido, imediatamente, de tratamento correto são
os meios mais adequados para reduzir a gravidade e a letalidade por malária. O
tratamento da malária visa atingir ao parasito em pontos-chave de seu ciclo
evolutivo, que podem ser didaticamente resumidos em:
a) interrupção da esquizogonia sanguínea, responsável pela patogenia e
manifestações clínicas da infecção;
b) destruição de formas latentes do parasito no ciclo tecidual
(hipnozoítos) das espécies P. vivax e P. ovale, evitando assim as recaídas tardias;
c) interrupção da transmissão do parasito, pelo uso de drogas que impedem
o desenvolvimento de formas sexuadas dos parasitos (gametócitos).
Para atingir esses objetivos, diversas drogas são utilizadas, cada uma
delas agindo de forma específica para impedir o desenvolvimento do parasito no
hospedeiro.
Orientações para o tratamento
É da maior importância que todos os profissionais de saúde envolvidos no
tratamento da malária, desde o auxiliar de saúde da comunidade até o médico,
orientem os pacientes, adequadamente e com uma linguagem compreensível, quanto
ao tipo de medicamento que está sendo oferecido, a forma de ingeri-lo e os
respectivos horários. Em diversos lugares, os responsáveis por distribuir e
orientar o uso dos medicamentos utilizam envelopes de cores diferentes para
cada medicamento.
Muitas vezes, os pacientes são pessoas que não dispõem nem mesmo de
relógio para verificar as horas. O uso de expressões mais simples, como manhã, tarde e noite, para a
indicação do momento da ingestão do remédio é recomendável. A expressão de 8 em
8 horas ou de 12 em 12 horas muitas vezes não ajuda o paciente a saber quando
deve ingerir os medicamentos. Sempre que possível, deve-se orientar os
acompanhantes ou responsáveis, além dos próprios pacientes, pois estes
geralmente encontram-se desatentos, devido à febre, dor e mal-estar causados
pela doença.
Os medicamentos devem ser ingeridos, preferencialmente às refeições. No
caso da combinação, arteméter e lumefantrina deve ser preferencialmente
ingerido com alimentos gordurosos. Caso surja icterícia durante o tratamento, a
primaquina deve ser suspensa.
Sempre que possível, deve-se optar pela supervisão das doses dos
medicamentos para garantir uma melhor adesão ao tratamento.
O paciente deve completar o tratamento conforme a recomendação, mesmo que
os sintomas desapareçam, pois a interrupção do tratamento pode levar a recidiva
da doença ou agravamento do quadro, além de manter o ciclo de transmissão da
doença permitindo que outras pessoas também adoeçam por malária.
Esquemas de tratamento
Para facilitar o trabalho dos profissionais de saúde das áreas endêmicas
e garantir a padronização dos procedimentos necessários para o tratamento da
malária, o Guia Prático de Tratamento da Malária no Brasil (2010) apresenta
tabelas e quadros com todas as orientações relevantes sobre a indicação e uso
dos antimaláricos preconizados no Brasil de acordo com o grupo etário dos
pacientes.
Embora as dosagens constantes nas tabelas levem em consideração o grupo
etário do paciente, é recomendável que, sempre que possível e para garantir boa
eficácia e baixa toxicidade no tratamento da malária, as doses dos medicamentos
sejam fundamentalmente ajustadas ao peso do paciente. Quando uma balança para
verificação do peso não estiver disponível, recomenda-se a utilização da
relação peso/idade apresentada nas tabelas.
Malária por P. vivax ou por P. ovale
Malária por P. malariae
Malária por P. falciparum ou malária mista (P. falciparum e P. malariae)
Malária mista (P. falciparum e P. vivax ou P. ovale)
Paciente apresentando apenas gametócitos de P. falciparum
Malária grave e complicada por P. falciparum ou P. vivax
Controle de cura
Recomenda-se o controle de cura, por meio da lâmina de verificação de
cura (LVC), para todos os casos de malária, especialmente os casos de malária
por P. falciparum. O controle de cura tem como objetivo a observação da redução
progressiva da parasitemia e da eficácia do tratamento e a identificação oportuna de recaídas. Recomenda-se a
realização de LVC da seguinte forma:
P. falciparum – em 3, 7, 14, 21, 28 e 42 dias após o início do
tratamento.
P. vivax ou mista – em 3, 7, 14, 21, 28, 42 e 63 dias após o início do
tratamento.
IMPORTANTE: O dia em que o diagnóstico é realizado e que se inicia o
tratamento é considerado como dia zero (D0). Por exemplo, se o tratamento se
iniciou no dia 2 de agosto, este dia é considerado D0, 3 dias após o início do
tratamento será o dia 5 de agosto (D3).
Mais informações sobre o tratamento da malária estão disponíveis no “Guia
prático de tratamento da malária no Brasil”, no folder “Esquemas recomendados
para o tratamento da malária não complicada no Brasil” e no “Manual prático:
tratamento da malária grave”.
Doação de sangue e a malária
Em áreas endêmicas de malária, considera-se inapta a doar sangue a:
1) pessoa que tenha tido malária nos 12 meses que antecedem a doação;
2) pessoa com febre ou suspeita de malária nos últimos 30 dias;
3) pessoa que tenha se deslocado ou procedente de área de alto risco (IPA
≥50,0 casos/1.000 habitantes) há menos de 30 dias.
Se a pessoa teve malária por Plasmodium malariae, ela não poderá mais
doar sangue. Já para as outras espécies, depende do tempo entre a doença e a
doação de sangue. Os hemocentros sabem orientar o doador.
Como a malária é transmitida?
A malária é transmitida por meio da picada da fêmea do mosquito
Anopheles, infectada por Plasmodium, um tipo de protozoário. Estes mosquitos
são mais abundantes ao entardecer e ao amanhecer. Todavia, são encontrados
picando durante todo o período noturno, em menor quantidade.
Apenas as fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles são capazes de
transmitir a malária.
O período de incubação da malária varia de acordo com a espécie de
plasmódio. A malária não pode ser transmitida pela água.
IMPORTANTE: A malária não é uma doença contagiosa. Ou seja, uma pessoa
doente não é capaz de transmitir a doença diretamente a outra pessoa. É
necessário o vetor para realizar a transmissão.
Como prevenir a malária?
Entre as principais medidas de prevenção individual da malária estão:
uso de mosquiteiros;
roupas que protejam pernas e braços;
telas em portas e janelas;
uso de repelentes.
Já as medidas de prevenção coletiva contra malária são:
borrifação intradomiciliar;
uso de mosquiteiros;
drenagem;
pequenas obras de saneamento para eliminação de criadouros do vetor;
aterro;
limpeza das margens dos criadouros;
modificação do fluxo da água;
controle da vegetação aquática;
melhoramento da moradia e das condições de trabalho;
uso racional da terra.
IMPORTANTE: Não existe vacina contra a malária. Algumas substâncias
capazes de gerar imunidade foram desenvolvidas e estudadas, mas os resultados
encontrados ainda não são satisfatórios para a implantação da vacinação.
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